Como um balão

Olá sou eu, o balão branco.
Passas-te por mim naquele supermercado lembras-te?
Pois se calhar não, estávamos tantos naquele saco tão pequeno que nem percebeste que eu estava lá, e que éramos todos diferentes. 
Mas mesmo assim compraste-me, eu fiquei feliz! Não sei bem porquê não me perguntes mas fiquei, senti como se tivesse a seguir um bom caminho, o caminho certo.
Abris-te o saco, e começaste a soprar para dentro de nós, não magoou a sério que não, era como um sopro de vida, como se finalmente me sentisse cheio de vida, feliz, como se tivesse encontrado realmente o meu lugar, depois de cheio, tentaste-me amarrar, e aí estava difícil, estavas a me magoar, voltas-te a me esvaziar ... 

...naquele momento olhei para o chão e vi alguns dos meus companheiros de saco, uns cheio, leves e alegres outros não... uns estavam pequeninos, outros a perder ar, outros ate rasgados, fiquei muito assustado e não estava a perceber o que se estava a acontecer.

Voltas-te e soprar em mim, voltei a sentir alegria, cheio mas desta vez não queria sentir tanto estava com medo do que podia acontecer, tentei não sentir todas as emoções daquele momento, não quis ser livre tinha medo de magoar mais ainda, mas a verdade é que aconteceu, quando voltas-te a amarrar-me, estava a doer mais, estava difícil, e tu já cansado de mim soltaste-me de repente e eu voei descontroladamente, batia em todos os cantos, gemia com dor, estava perdido e não sabia para onde ia, já cansado cai! E fiquei ali...

Passado algum tempo, depois de todos os meus colegas já terem ido embora, voltaste a pegar em mim, mas desta vez olhar muito para mim, e disseste: - Será que vale a pena?
Eu sem saber o que pensar, só pedia para mim mesmo, por favor enche-me de novo, quero voltar a sentir-me livre, cheio e alegre, quero voltar a sentir esse sopro de vida, voltar a sentir que estou no caminho certo. E tu, com alguma falta de paciência, voltaste-me a encher, tentei não fazer resistência, tentei que esse sopro entrasse livremente, mas por vezes vinha uma memória da dor, do desespero do voo descontrolado, e era difícil deixar que sopro entrasse. Mas tu continuas-te, não sei bem porque, mas continuaste... Depois, lá me conseguiste amarrar, e até não foi difícil, mas também já estava cansado, já estava sem resistência. 
Voltei para junto dos meus colegas, estávamos tão felizes de estarmos todos juntos, estamos todos diferentes, uns estão muito felizes outros não, uns cheios outros vazios, mas todos sentimos que cumprimos o nosso destino, o caminho foi muito doloroso, mas chegamos. 

Lembras-te de mim agora??
Não?! Pois, mas estou assim, como um balão.  

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